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sábado, 19 de novembro de 2011

PRECONCEITO  NA  BALANÇA
Aníbal Luiz Freschi

“Então vi, e  eis um cavalo preto e o seu cavaleiro com uma balança na mão.” Apocalipse 6:5b

         Fim de tarde e, de repente, movimentou-se o pedaço. O meu pedaço. O quarteirão ficou agitado. A viatura. Trinta e oito numa mão, uma doze na outra, e vozes alteradas: - “Mandei parar! Encosta  ali, mão na cabeça!”. Alguém entre os curiosos pergunta: “Prenderam o Super Man?”. –Não, eu respondi.” – Então é algum terrorista? – “ Não, companheiro, é só o neguinho da Vilma e a sua magrela!”. –“O que ele fez?”. –“Só vinha na magrela pedalando rua abaixo”. –“Só isso?”.     -Sim, só isso! Era mesmo só isso. Pedreiro de mão cheia, de calos e habilidades, voltando do trabalho. Feliz, afinal, em terra de desempregado, feliz é quem tem trabalho. Boné na cabeça, camisa aberta voando para trás, peito de costelas à mostra, chinelos nos pés e , na garupa, a marmita vazia.
         Então, se fez personagem de repente, de espetáculo insólito e vergonhoso. Assustado, magrela deitada no chão, mãos sobre a cabeça. Apalpado, como se fosse carne no açougue, se bem que carne não se percebia. Só osso. Voltava cansado, pronto para tomar um banho, jantar com a família, assistir a novela, namorar a patroa e dormir tranqüilo.E agora ali exposto, constrangimento sem igual.
         Então, pensei no que aconteceria, se um desses perfumados, bem nascidos, carro de luxo, fosse posto a tal constrangimento? Ah! A história seria mais ou menos assim: -“Telefona para o Deputado – o Deputado telefona para o Governador – o Governador, fosse a que hora fosse, ligaria para o Secretário e soltaria o verbo: -“Remove o responsável para o “caixa-prego”, ou “exonera!”, “corta o salário!” –“rebaixa!”. Quem não sabe que é assim?
         Mas, voltemos para o nosso amigo. Nada constatado, ouve à meia-voz, um pedido de desculpa, mais parecendo um resmungo: “Desculpa aí. A gente está atrás de um certo elemento.” Neguinho aceita até com certa comovida lisonja, e vai prá casa. Trêmulo, não monta, mas empurra a magrela rua abaixo. Acabou a vontade de fazer as coisas.
         Eu fico pensando: - Porque? Só porque é o neguinho trabalhador em sua magrela? E eu que planejava adquirir uma? Tô fora!
         Ainda bem que há uma balança no fim de tudo. Balança precisa e meticulosa. E tudo e todos serão pesados nela. Será um problema para muita gente, porque preconceito, na balança de Deus,  peeesa!!!...                 

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