SE DEUS SABE DE TODAS
AS COISAS, PORQUE DEVEMOS ORAR?
ANIBAL L. FRESCHI
Temos aqui, uma grande e significativa afirmação, seguida de
uma importante interrogação. Sim, Deus sabe de tudo o que se passa em qualquer
lugar do universo. Existem estrelas e galáxias que nós não enxergamos, sequer
com os telescópios mais potentes e modernos. Há grutas e cavernas na terra e
nos oceanos, que ninguém penetrou. Muitos são os corações que nunca tiveram
qualquer contato com a Bíblia Sagrada. Existem coisas, lugares e pessoas tão
distantes de nós, que nos são totalmente
desconhecidos. Pois bem. Tudo e todos; embora ignorados por nós, estão
escancaradamente expostos aos olhos de Deus. Seja um elefante ou uma ameba. Um
cisco ou o sol. Um milionésimo de milímetro, ou um bilhão de anos luz. Prov.
15:3” Os olhos do Senhor estão em todo lugar...” e ainda em Heb. 4: 13 “ E não
há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as
coisas estão patentes e descobertas aos olhos daquele a quem temos de prestar
contas.”Tudo é do pleno conhecimento de Deus, seja algo ou alguém. Seja público
e notável, ou absolutamente anônimo e privado para nós; não o é para Deus. Ele vê
tudo o que se passa ali. “Então”; alguém dirá: “que sentido fazem as nossas orações? Sendo
Deus onisciente, as disposições do meu espírito, sejam elas para intercessões
ou ações de graça, dispensam qualquer manifestação seja ela silenciosa ou
audível, uma vez que tudo é do conhecimento divino.” O Salmo 139 nos mostra o
quanto estamos descobertos diante de Deus antes mesmo de balbuciarmos uma
pequenina oração, Sl 139:4 “Ainda a palavra não me chegou à língua, e tu,
Senhor, já a conheces toda”. Então insistimos na pergunta: Porque devemos orar?
Não poderemos responder a essa pergunta se não fizermos
algumas considerações sobre a oração. Em primeiro lugar, quando falamos de
oração precisamos entender que se trata de um meio, um recurso. Na esfera
gramatical, uma oração é o instrumento da escrita que comunica o que se tem em
mente. Quando alguém lê uma oração gramatical vai encontrar o pensamento de
quem escreveu ali, e o seu propósito de ser compreendido. É um instrumento para
comunicação. Mas vamos ao que nos interessa. Na esfera espiritual, é a mesma
coisa. Quando alguém ora, está comunicando aquilo que tem dentro de si e espera
ser compreendido. E a oração é feita com destino certo, que é a Pessoa de Deus.
A oração é um meio de nos comunicarmos com Deus. Também é conhecida como um
meio de graça. O que isto quer dizer? Que a oração se presta a alcançar algum
favor, haja vista que graça é favor imerecido. Nosso imerecimento se encontra
no fato de sermos criaturas caídas e de natureza corrompida que nada merece,
senão a punição pelo seu estado de pecaminosidade. Então, sendo assim, seria de
se esperar que nenhuma oração tivesse qualquer efeito positivo a nosso favor.
Pois aí é que se encontra a compreensão
do porque devemos orar. Quando oramos, revelamos o espírito de dependência
daquilo que Deus é, ou seja amor. Revelamos que vivemos na dependência desse
amor. Demonstramos que todos os gestos e atos de Deus, feitos amorosamente por
nós, são por nós reconhecidos e aceitos. Nossa situação de dependência em
oração, revela isso. Não nos sustentamos em nós mesmo para a oração, pois
sabemos que aquilo de que necessitamos não se encontra em nós, mas em Deus e
dele nos aproximamos, usando como cartão de apresentação, um nome diferente do
nosso nome, mas o nome de seu Filho Jesus Cristo, a prova mais evidente do seu
amor por nós, no qual acreditamos, o qual recebemos e do qual não abrimos mãos.
Quando pensamos no amor de Deus por nós, não podemos ignorar nossas faltas e
pecados, que põem em risco qualquer possibilidade de favorecimento divino. Mas
ainda assim, Deus nos acolhe. Isto quer dizer que Deus vê em nós algo seu, e
que precisa ser protegido. A distância que o pecado coloca entre o nosso estado
e o estado divino, que é de santidade absoluta, é encurtada pela intervenção de
Cristo, que no lavar regenerador, nos limpa as feições de Deus que o pecado
escondeu sob a sujeira. O Filho pródigo foi reconhecido pelo coração amoroso do
Pai, mas precisava ser reconhecido pelos demais. Daí o cuidado com o seu visual
para que fosse reconhecida a sua pessoa como parte da família. Na oração, ao
fazê-la em nome de Jesus Cristo, estamos revelando a nossa face de pessoa
regenerada pelo sangue da expiação. Nossa voz se faz reconhecer entre tantos outros
apelos, como familiar para Deus, e sobrenatural aos ouvidos das forças e
potestades do ar, nas regiões celestiais. Quando alguém ora em nome de Jesus
Cristo, sua voz pode ser emitida num balbucio, porém ecoa até o inferno, pelo
poder do nome daquele que está acima de todo nome. Esse nome é a amplificação
do som de nossas orações. Por isso, é dispensável qualquer gritaria, pois sem a
legitimidade de uma oração eficaz, será como o som de uma lata vazia; quanto
mais vazia a lata, maior o barulho. Apenas barulho. É o nome de Jesus que leva
a voz de comando através do espaço que faz tremer os poderes e toca o coração
de Deus. A força desse nome precisa ser exercida primeiramente em nós para
depois então ser reconhecia a nossa oração. Não há como disfarçar e enganar se
a nossa oração não revelar que o poder do nome de Jesus já fez efeito dentro de
nós. Certa vez algumas pessoas usaram o nome de Jesus a quem Paulo servia. O
que aconteceu? Um desastre. Pois não havia qualquer autoridade na oração feita.
Muitos outros apelaram para o Senhor Jesus em seus momentos difíceis e foram
atendidos. Por que? Porque pessoalmente a autoridade do Senhor era reconhecida
por seus corações. Não adianta orar sem que primeiro haja a fé necessária que
revela no íntimo, que Jesus Cristo é o Senhor, sob cuja autoridade nos dobramos
e de cujo poder nos revestimos, para viver e interceder. A graça da qual o meio
de alcance é a oração, é o favor que os méritos de Cristo nos proporcionam para
salvação e santificação, ou seja permanência no estado de salvação. Essa graça
revela nossas feições filiais pela nossa roupagem e situação, por causa da
expiação vicária de Cristo. Então nos aproximamos sem receios do trono gracioso,
na medida em que forças e potestades nos observam na condição de filhos de
Deus, cheios da autoridade de Cristo, em nome de quem nos apresentamos e somos
recebidos. Em segundo lugar, temos de reconhecer que sendo Deus nosso Pai, a
Ele é reservado o direito de atender ou não às nossas reivindicações filiais.
Então, não basta usar o nome de Cristo e pronto, seremos atendidos? Graças a
Deus não. Pois nossos pedidos estão presos à nossa capacidade de conhecimento e
compreensão de tudo e nisso somos muito limitados, e por isso, nem sempre o que
julgamos ser um bem, de fato o é ou será. Nossas petições se baseiam muito em
nossos sentimentos, e estes podem ser questionáveis à luz do que possa ser um
bem, legítimo, necessário, enfim nem mesmo nós somos capazes de explicar muitas
das nossas vontades. Deus sempre tem diante de si, o que à nós é obscuro. Ele
tem diante de si o depois, enquanto nos guiamos pelo agora. E com freqüência nos
esquecemos de que fazemos parte da eternidade e que essa não pode ser
comprometida por algum favorecimento presente que poderá ser um prejuízo
eterno. O que de fato é bom para nós? O que de fato é bom para aquela pessoa
por quem intercedemos? Quem conhece a situação real e sabe o que lhe é melhor?
Deus sabe. Por isso, Jesus, a despeito de qualquer sofrimento ou angústia, se
colocava na oração, em estado de dependência da vontade do Pai. Ele até ensinou
isso na oração dominical,”Seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu”.
Então, oração, é a busca pela graça. E graça é o que de melhor existe para nós,
e que só Deus sabe o que é, e onde se encontra. Há um grupo de solteiros e
descasados, homens e mulheres, que se reúnem para orar por uma companhia.
Percebo às vezes que a ansiedade é tanta, que se acham dispostos a encontrar
qualquer pessoa. No futuro, certamente terão problemas. Não basta ter alguém do
lado, é bom ter uma bênção do lado. Certa vez uma jovem me procurou para que
orasse pelo seu namorado. Quando me preparava para orar, perguntei-lhe o que
desejava que eu pedisse a Deus sobre o jovem. Ela disse que seu desejo era que
o namorado largasse a esposa, para ficar com ela. Quase surtei. Levantei-me e
expliquei-lhe sobre oração, compromisso com Deus e obediência a sua vontade
suprema. Ela não gostou muito não. Dias depois, apareceu para me pedir que
orasse com ela, para que Deus lhe desse um namorado que fosse uma bênção. Oramos. Meses depois oramos, de novo,
na celebração do noivado, Meses mais tarde, celebramos seu casamento. Louvado
seja O Santo e Bendito Nome. Amém.
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