OS EXTREMOS ESTÃO IGUAIS. TÁ LIGADO?
Mat.5: 6 “ Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça,
porque serão fartos “
ANIBAL
L. FRESCHI
Madrugada fria. Muito fria. Vultos se movimentam na esquina,
esquivando-se da luminosidade. Espreitam os lados, como que esperando a entrega
de algum produto, ou a aproximação de algum cliente. Sob os capuzes, estão
ligados, pois a polícia pode aparecer. Conversam pouco, e à meia voz. A
madrugada avança. Uma neblina desce e torna mais fria a escuridão que envolve figuras cheias de suspeição e que insistem em
esperar, esperar e esperar. Parece ontem. Ali mesmo, mas na claridade do dia,
eram criancinhas que corriam e brincavam sem cismas. Aos gritos, conversavam
uns com os outros. Davam gostosas gargalhadas por qualquer motivo que fosse. Agora,
os observo e me parecem irreconhecíveis. Vez por outra, um rosto se põe à
mostra sob o capuz. Suas feições são outras. Frias e duras, emoldurando olhos
cheios de desconfiança e que denunciam sofrimento e ódio. Nos lábios; sorrisos
irônicos e zombeteiros, em plena adolescência perdida nos cantos escuros, nas
madrugadas frias, à esperar pela sorte ou pela morte. Aquela nem sempre
aparece. Esta, nunca demora demais. Sem chance de uma carteira profissional assinada,
pois a idade não preenche os requisitos da lei, afinal quem decretou, o fez na
ignorante argumentação de que o trabalho era um desvio que lhes prejudicaria o
futuro. Limitou ao decreto, sem tomar conhecimento da necessidade de caminhos
que os absorvessem na construção do futuro possível e bom. Porém as escolas,
cheias de discussões de métodos, de diretrizes, são paupérrimas de tudo o que é
muito simples; o acolhimento. Falam da inclusão, mas não questionam os porquês
do abandono da vida escolar. Não questionam a falta de capacitação que dê
chance ao ingresso aos campus universitários. Falam muito.É muito relatório. É
muito papel. Essa, é a via oferecida para justificar o veto ao trabalho, desses
que voejam pelo espaço do perigo, na busca do remédio para a mãe doente, pois a
farmácia social, esse remédio não possui. Se expõem, na busca da comida que não
se consegue às custas de bolsas disso e daquilo, pois são apenas os trocados
políticos pela propaganda de compromisso social. Então, os apelidam
injustamente de aviões. Aviões estão lá em cima, nas alturas de seus gabinetes,
a exalar os fedores de corrupções sem fim. Em reuniões de comissões que
pretendem aparentar esforço na observância da ética, mas que no fundo, desconfia-se
tratar de blindagens aos pares de falcatruas corporativas. A madrugada se vai,
e com ela, lá se vão os garotos envelhecidos, levando consigo o destino que não
é só deles, mas de todos nós. Destino violento que nos afetará mais tarde,
nalgum seqüestro ou assalto, nessa via de irresponsabilidade social e política que um dia nos colocará, frente a frente.
Então nossos sonhos poderão se interromper e morrer, como os deles, que já
morreram faz tempo.
Senhor. Olha por esse
meninos, meu Pai. Mas acerta também com aqueles
que deveriam construir pontes de acesso à vida
honesta e honrada para esses meninos passarem, mas que não o fazem, e ainda os
empurram abismo abaixo. Em nome de Jesus Cristo. Amém.
Leit. Bíb. Col.3: 25
DEUS ABENÇÕE SUA VIDA! ÓTIMO TEXTO!
ResponderExcluirJr.