ENFIM, SÓS.
Prov.4: 12b. “...o cordão de três dobras não se rebenta com facilidade.”
ANIBAL L. FRESCHI
Os recém-casados adentram o aposento nupcial, e de imediato se
ouve a frase: “Enfim, sós”. Essa era a expectativa. Um viveria para o outro.
Almas gêmeas; inseparáveis. Nada seria capaz de penetrar e perturbar essa tão
sonhada convivência. Juntos, enfrentando a tudo e a todos. Passaram-se os anos.
Anos que trouxeram filhos. Anos que tornaram os filhos adultos e senhores de
suas próprias vidas. Anos que exigiram dedicação e atenção aos mais diversos
focos. Anos que foram capazes de eliminar proximidade e companheirismo e torna-los
descuidados um do outro. Anos que levaram consigo as oportunidades de uma convivência mais intensa. Anos que
levaram a saúde e o vigor. Anos que deixaram suas marcas através da saúde
debilitada, dos cabelos escassos e embranquecidos emoldurando rostos cheios
de rugas e de olhares cansados. Anos que deram muitas coisas, mas que tomaram
tantas outras. Anos que se foram, para mais uma vez se ouvir a frase: “Enfim,
sós”. Um, olha para o outro, querendo reconhecer alguém que um dia sonhou
conhecer, e repartir a vida. Mas nada parece íntimo, apesar dos anos. Pelo
contrário, tem-se a sensação de estar diante de alguém estranho. Estranhos que
serão obrigados a dividir a própria velhice. Mas como será isso, se não se
conheceram de fato? Passaram o tempo todo voltados para os cuidados de coisas e
pessoas que hoje os dispensam totalmente. Como seria muito bom, se hoje fossem
velhos e ainda apaixonados, e não entediados. Como seria muito bom, se tivessem
o cuidado de não ceder o lugar e a importância um do outro, em favor de outros.
Que nunca se descuidassem de manter e cultivar a atração recíproca. Que todos os
dias estivessem atentos em preservar acesos o amor e a paixão; o respeito e a
admiração. Enfim sós. E sem saber o que fazer do resto de tempo que há. Sem
vontades e desejos pelo que ainda resta, a frase agora soa ameaçadora demais,
pois estar só, mesmo acompanhado, é ruim demais. Jovens; Envelheçam com
cuidado. Cuidem do que possa fazer a velhice valer a pena. Cuidem do amor e da
paixão, pois serão as únicas coisas que embelezarão suas vidas, quando a
juventude e o vigor tiverem passado.
Senhor. Dá-me sabedoria
para investir numa velhice cheia de amor e de paixão. Que eu seja cuidadoso
hoje, para não me sentir sozinho um dia. Que eu valorize quem comigo caminha
hoje depressa, para que aos passos lentos tenha o que dizer e ouvir, de bom e
agradável. Em nome de Jesus Cristo. Amém.
Leit.bíb.Prov.5: 15 –
20; Eclesiastes 4: 9 - 12
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